terça-feira, 31 de maio de 2016

Final (in)feliz

Mariana Félix

Infelizmente acabou. Tudo aquilo que a gente viveu um dia, acabou.
Sempre me questionei qual o real sentido da frase "Eu ainda te amo, mas não gosto mais de você".
Afinal, que significado tem essas palavras juntas?
Achava que esse amor não morreria nunca, estaria sempre ali quieto, se manifestando apenas quando ouvia sua voz, ou o seu nome, uma música que lembrasse você, um momento, um filme, qualquer coisa a qual você por um ínfimo momento esteve presente, espiritual, ou carnalmente.
É tão simples dizer que ama, difícil é provar.
Eu tentei fazer isso de todas as formas possíveis.
Te dei minha alma, te daria minha vida se preciso fosse.
Era com você que eu queria dividir meu futuro, era por sua causa que eu me imaginava dando as melhores risadas, era com você que eu queria ter brigas, era por você que eu viveria, para todos os dias eu poder olhar nos seus olhos, e dizer o quão grande era esse amor, e a infinidade de modos de como eu poderia demonstrar isso.
Eu imagino meu futuro agora, mas não enxergo você, não consigo me imaginar com você. Não vejo qual o motivo da minha felicidade.
A saudade que eu sentia por não estar com você a todo momento me matava. Pensar em você com outras pessoas era uma tortura, me fazia enlouquecer.
Todas as vezes que pensava em você meus olhos se enchiam de lágrimas, meu coração disparava, minhas mãos tremiam. Isso era amor, caramba!
Todos os dias quando eu acordava, e lembrava que tinha você comigo, minha vida parecia ter muito mais sentido. Era bom saber que nunca estaria sozinha, que sempre teria uma pessoa com o mesmo sentimento, e recíproco ao meu lado.
Acabou. Esse amor que me corroía por dentro, e as vezes até doía por ser tão grande, foi morrendo.
Eu ainda te amo, mas não gosto mais de você. Não como antes.
Você era minha vida, meu mundo. Hoje é só um contato.
Pra onde foi aquele sentimento todo que parecia não ter fim?
Eu não sei!
Talvez ele esteja pelo universo, visitando outras galáxias, vendo qual será a próxima vítima.
Sei que não serei eu.
Um amor assim, com essa intensidade só se tem uma vez na vida, e eu já tive o meu.

domingo, 29 de maio de 2016

5 segundos

Mariana Félix

Eu poderia começar falando o meu nome, onde eu moro, a minha idade, o que eu faço da vida, o que gosto de fazer com ela, e como eu sou feliz. Mas vou começar do final.
Um sentimento de culpa está me corroendo neste exato momento. Uma sentimento que eu não deveria estar sentindo por que a culpa não foi minha.
As vezes nós temos alguns segundos de impulsos involuntários, no qual nosso corpo faz, o que nossa mente pensa e sabe que é uma atitude totalmente errada.
Como você, eu tenho amigos. Amigos mesmos, daquele que você ama. Sente saudade. Quer visitar. E um desses chegou ontem, e eu logo corri pra vê-lo na casa dele, quando ele me disse que tinha chegado de viagem. Não medi esforço algum pra me arrumar correndo.
Um ano e meio que não o via. Ele estava fazendo intercâmbio fora do país, e eu estava com uma saudade danada dele.
Cheguei lá, dei um abraço daqueles beeeeeeem apertado, que parece um vai entrar no outro, parecendo um só.
Conversamos. Brincamos. Rimos, rimos muito. Falamos sobre a saudade. Almoçamos ainda conversando. Comemos a sobremesa. Deitamos na rede, igual fazíamos como quando éramos crianças.
Ele levantou, e um tempo depois voltou com algumas coisas na mão.
Bebemos uma, duas, três, quatro, cinco, SEIS.
Seis taças de vinho.
Depois disso, o silêncio veio. Não porque não havia mais nada para conversar, mas porque ele me beijou.
DROGA.
Mas afinal, qual o problema que você vê nisso?
Eu disse que começaria pelo final, pois então.
Eu tenho namorado. Um namorado que amo mais do que tudo, e que me faz muito feliz.
Faço faculdade de direito na federal de Brasília.
Tenho 20 anos.
Moro na capital do país.
Meu nome é Lara Capadocci Dias Fonseca.
Essa coisa que estou sentindo é desprezo, por mim mesma. Eu não poderia ter feito isso, foi errado. É errado. Eu conto ou não conto?
Será que por causa de 5 segundos que eu errei na minha vida eu deveria acabar com tudo que temos juntos?
Esse beijo não significou nada pra mim, o sentimento por ele é muito maior do que qualquer coisa.
Vou guardar esse segredo comigo. Não vou abrir mão de amor da minha vida por um simples... Erro.
Não me julgue por isso. As pessoas cometem erros, de vez em quando o ser humano é irracional. Eu fui, por apenas 5 segundos, de uma vida inteira.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Me falaram que eu tinha que amar

Evelyn Cunha

Me falaram que eu tinha que amar.
Eu amei. Eu sorri. Eu abracei. Eu beijei. Eu curti. Eu me diverti.Eu ansiei. Eu viajei. Eu namorei. Eu transei. Eu me apaixonei. Eu senti ciumes. Eu beijei. Eu perdoei. Eu dormi. Eu acordei. Eu pensei. Eu refleti. Eu transbordei. Eu vi. Eu descobri. Eu chorei. Eu terminei. Eu sofri. Eu desmoronei. Eu me reencontrei. Eu me reinventei. Eu perdoei, Eu voltei. Eu beijei. Eu desconfiei. Eu aceitei. Eu achei. Eu errei. Eu mergulhei. Eu me arrependi. Eu sofri. Eu me reconstruir. Eu me fechei. Eu me abri.
Eu te perdi.
Eu me perdi.
Esqueceram de me falar onde te reencontrar, para de novo eu poder amar.
Esqueceram de te falar pra você perdoar, para eu poder me achar.
Esqueceram de nos dizer tantas coisas, só me disseram pra amar, não me ensinaram a lidar com o amor, muito menos com a falta desse mesmo amor, que ao mesmo tempo tem o poder de me criar ou de me matar, não me matar na forma física, uma morte ainda pior.
Esqueceram de me falar que amar ia fazer meu amor parar de pertencer a mim para pertencer a ti. Esqueceram de me falar que você ia embora e levaria meu amor junto com você. Esqueceram de me falar do sofrimento, da dor, da perda de peso, da falta de fome, da falta das cores, da falta de você. Esqueceram de me falar da impossibilidade de esquecer, do quanto você ia marcar.
Esqueceram de te falar que você não tinha o direito de me deixar. Esqueceram de avisar que você seria a melhor e a pior coisa que me aconteceria.
Esqueceram de falar que depois de amar, a vida sem amor não faz sentido. Esqueceram. Esqueceram de nos falar tantas coisas... Mas lembraram do essencial.
Me falaram que eu tinha que amar. Então mais uma vez, de novo eu vou amar.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Valente x Cinderela - Alice

Evelyn Cunha

Meu nome é Alice Albuquerque Vieira, e hoje vou contar um resumo da minha história.
Eu nunca tive muita sorte quando o assunto é relacionamento. aprendi isso bem cedo, e graças a esse aprendizado, resolvi lidar com essa falta de sorte e virar o jogo. É o que eu faço com tudo na vida. "Se não podemos contra ele, nos juntemos a ele."
É um ditado que sempre levei em conta, então tirei proveito disso, acionei a lei do desapego, e me aproveitei de cada garoto que apareceu na minha vida. Mas o que ninguém sabia era que em todas as vezes, com todos os garotos que eu dizia não me importar, restava la no fundo uma pontinha de esperança de dessa vez dar certo, graças a meu vicio por livros.
Pessoas que leem são pessoas sonhadoras, e se tem uma coisa que eu tenho de sobra são sonhos, e,  em um belo dia igualmente como nos meu sonhos, encontrei o que eu acreditava ser meu príncipe encantado, da forma mais clichê (não, não foi me batendo com ele no meio da rua e derrubando todos os papeis que estava não mão e aquele primeiro olhar apaixonante e blá, blá, blá...), na verdade foi uma historia linda, digna de um livro desses romances que eu leio.
Talvez um dia eu escreva essa historia com maiores detalhes pra vocês lerem, mas vou dar uma resumida.
Aconteceu tudo muito rápido, foi em uma viagem que fiz, o conheci quando estava falando com minha melhor amiga no telefone, dizendo o quanto eu estava achando a viagem chata (e estava mesmo), ele ouviu, e assim que terminei a  chamada veio falar comigo. De inicio o achei super intrometido, mas como ele era muuuito gato, deixei a conversa rolar, acabou que viramos amigos, nos encontrávamos todos os dias.
Na ultima semana de viajem nos beijamos e ficamos juntos desde então. Descobri que ele morava no mesmo lugar que eu. Voltamos, e, quando achei que foi um crush de verão, ele me procurou três dias depois dizendo que não conseguia parar de pensar mim. Começamos a namorar de 1 ano e 3 meses depois e aqui estamos nós, juntos até hoje. Ele é perfeito, lindo, alto, inteligente, melhor da turma em direito, cheiroso, rico, carinhoso, romântico, esforçado, honesto.
Nos vemos em média 4 vezes por semana e nunca brigamos. Ele concorda comigo em absolutamente tudo. Meus pais gostam dele, e vivemos uma vida estável e confortável, é tudo o que alguém poderia sonhar, um príncipe encantado, um felizes para sempre, uma vida previsível, calma, sem muitas surpresas, domingos assistindo filme, festa de família juntos e etc. Ou seja, uma vida completamente tediante.
O que?!
Não me leve a mal, pra mim qualquer vida que se prese é feita de momentos que dão frio na barriga, essa coisa de calmaria não é comigo não, gosto coisas imprevisíveis que me deixam ansiosa, de diversão e aventuras, príncipes encantados são certinhos de mais.
Nunca pensei muito no que acontece depois do "Felizes para sempre", mas se é isso, sinto muito mas vou preferir ser Valente do que ser Cinderela. 
Vou terminar com ele. Está decidido.Depois, talvez, eu te conte como foi.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Vários sentidos

Mariana Félix

Existem várias diferenças entre as músicas que você ouve:
- Aquela que você ouve e sente vontade de dançar;
- Aquela que você ouve e reflete, a famosa música filosófica;
- Aquela que você ouve, acha legal e manda pra alguma amiga;
- Aquela que você gosta;
- E, por fim, aquela que você gosta, que te faz lembrar de alguém;
Resumindo, esse último tipo só é bom, caso essa pessoa te faça bem, te faça feliz, te faça pensar em coisas boas, te faça sorrir com as lembranças que existem dentro de cada entrelinha da canção.
Problema mesmo, é quando aquela música linda, que você tanto amou um dia, e que fez parte de alguns melhores momentos da sua vida, já não faz o mesmo sentido, que por um tempo fez.
As frases dela, que antes faziam todo sentido do mundo, já não são mais ouvidas da mesma forma, e aí aquela música que você tanto gostava e dava sorriso de orelha a orelha, te faz ver o lado ruim das coisas.
Sabemos que, para tudo, tem um lado positivo e um negativo. Isso sempre existiu, e sempre vai existir.
Na verdade não foi a música ou o a mensagem que ela traz que mudou, e sim você. O sentido que você deu pra ela é que foi modificado. Você mudou. Você.
O sentimento, que antes o principal era a alegria, hoje é a tristeza.
A expressão, que antes eram sorrisos com a boca e com os olhos, e hoje vem lágrimas.
De tristeza?
De angústia?
De raiva?
Não sei. Quem determina isso é seu coração.
Não faça isso consigo mesma. Aprenda o verdadeiro sentido das coisas. Não tente mudá-lo.
Quando você gosta de uma flor, você a arranca pra levar consigo, mas quando você a admira, você cuida dela para que veja cresce-la.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Parecia real

Mariana Félix

Foi tudo tão rápido, mas sensação foi a melhor possível.
Todos os dias eu ia trabalhar, e fazia questão de ir pelo caminho mais longe, só pra te ver andando na mesma direção que a minha, indo para o ponto de ônibus.
As vezes até chegava atrasada, só pra esperar o momento de ver você.
O meu prazer era poder olhar, de segunda a sexta seus olhos castanhos, que tinham um olhar triste, seu cabelo virado para o lado esquerdo, meio bagunçado, e sua barba por fazer.
Só isso bastava pra mim.
Até que um dia você passou por mim, e sorriu, não com a boca, mas com os olhos.
Minhas pernas tremeram, meu coração acelerou, e eu congelei. Não consegui sair do lugar.
Alguns segundos depois, retornei ao meu estado normal, ou pelo menos meio normal, e continuei andando.
No dia seguinte fui pelo mesmo caminho.
Esperei, esperei, e nada. Onde estavas?
Por onde andou naquele dia?
Continuei minha caminhada, rumo ao meu destino.
Dias depois, você reaparece, passa por mim, e sorri novamente. Sorri de volta, e você me olhou, com um semblante de como se não estivesse entendendo nada.
Continuou andando, com o sorriso estampado no rosto. Olhei para trás e vi de quem era aquela felicidade toda.
Não era para mim. Não era por mim. A dona daquilo tudo era outra pessoa...
TRIMMMMMMM!
Acordei com esse som do meu despertador.
"Que pesadelo horrível", pensei. Graças a deus não havia pessoa alguma no meu caminho, mas sim na minha vida.

sábado, 14 de maio de 2016

Ponto final(?)

Mariana Félix

Algumas coisas acontecem porque tem que acontecer.
Outras pra nos ensinar alguma coisa.
Outras pra nós punir.
Outras por simplesmente acontecer.
Outras pra mudar por completo a vida da gente.
Talvez mudar o presente e o futuro, porque o passado já foi.
A primeira palavra que eu escrevi, e que você leu já está no passado, assim como essa frase...
Eu estou escrevendo. Endo.
Estou fazENDO, ou seja, essa ação ainda não terminou, está inacabada, mas certas coisas são assim.
Não findam.
Permanecem no gerúndio, permanecem sendo feitas.
Feitas por mim, por você. Por algo, por alguém.
Alguém que quer ser percebido. Algo que quer ser notado.
Mas o fim do verbo só poderá mudar se for dada a devida atenção.
Eu fui feliz. Eu sou feliz. Vou continuar sendo? Não sei.
Talvez.
E se...
Se.
Sempre tem um "se" ou um "mas" pra complicar a nossa vida.
Tudo depende dessas palavras. Somos reféns delas.
Pior é quando estão juntas.
"Mas e se..."
Não fique nessa de "mas" ou de "se".
Você pode fazer a ação do verbo.
Bota-lo em prática.
Faça.
Meta a cara.
Não tenha medo.
Se você não for até o fim, sua história nunca vai ter um ponto final, sempre haverá uma reticências, como sinal de continuação...

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Cataflor

Mariana Félix


Acordei de madrugada.
Eram 3:49 da manhã. Estávamos no mês de junho. Chovia muito.
Tentei voltar a dormir. Virei pra um lado. Virei pra o outro, e nada.
Minha mente inquieta não parava de trabalhar.
Eu tentava controlar meus pensamentos, mas não estava dando muito certo.
Era quase uma queda de braço entre a parte da minha mente inquieta, e a que queria parar de pensar.
Fechei os olhos, e quase que por mágica, consegui fazê-la parar. Ponto pra mim, e para aquela escuridão que havia tomado conta do ambiente por completo.
Finalmente consegui dormir.
Acordei lá pras 8:15, com o despertador tocando.
Era hora de levantar da cama, me arrumar e ir pra biblioteca estudar.
Vesti meu macaquinho verde com flores amarelas, coloquei meu tênis adidas branco com listras rosas, peguei minha mochila, e fui.
Engraçado que depois de uma noite (e madrugada) chuvosa, naquela manhã estava fazendo sol. Mas não um sol comum. Era um sol de rachar.
Parei no sinal, esperei ele fechar, e atravessei a rua. Do outro lado ficava a biblioteca.
Na entrada havia um jardim enorme, bem coloridinho, cheio de flores, cada uma mais linda que a outra. Mas tinha uma que era especial, ela era única naquele jardim, e para mim também. Nunca tinha visto outra igual.
Tão delicada, tão frágil que tive até medo de toca-la.
Talvez eu nem soubesse pronunciar o nome dela direito.
Como sempre, tinha um garoto que, quando eu chegava, ele estava regando a flor, e todas as vezes ele me olhava de um jeito estranho, misterioso, como se quisesse me dizer algo.
Até que um dia eu perguntei:
- Porque todas as vezes que eu passo aqui, você está sempre regando essa flor, especificamente ESTA flor, e me olha de um jeito estranho?
- Eu não sei se você percebeu, mas ela é única nesse jardim, igual você é pra mim, essa flor, especial e rara, mas não num jardim público qualquer, mas dentro do meu coração.
Eu nunca tinha parado para reparar o quão importante seria aquele momento pra mim. E ele foi, até hoje é.
Me lembro de cada detalhe, de cada palavra.
Ele passou pelos três momentos da minha vida:
Era meu futuro, foi meu presente, e agora é meu passado.

terça-feira, 3 de maio de 2016

A chuva vai continuar a cair

Evelyn Cunha


Eu acordando hoje, foi tipo assim "Aí, minha mãe decide me acordar 7hrs da manhã pra tomar café..
Aff!
Quero dizer... Oi? Já é de manhã? Como assim???
Eu nem lembro de ter dormido e... Aaaah que droga! Tenho seminário pra apresentar hoje na faculdade e eu tinha que passar a noite estudando a porcaria daquele artigo científico!
E meu cabelo?! Meu Deus... Eu tinha que ter enrolado antes de dormir pra hoje ele está apresentável. E agora? O que vou fazer? Acho que é melhor eu levantar logo e sair debaixo desse lençol e... Caramba... Que frio!
Frio?
Aqui raramente faz frio, deixa eu dar uma olhadinha no céu.
Vai chover o dia todo e eu tenho que pegar ônibus pra ir pra a faculdade. Vou chegar toda molhada, pelo menos só é de tarde né?! Daqui pra lá já pode ter melhorado".
E foi aí que começou a chover, uma chuva forte e grossa, daquelas que tem um cheiro inconfundível. Não sei você mas eu amo a chuva, também amo o sol, mas dias chuvosos não acontecem muito por aqui, e quando acontece as lembranças sempre vem.
É sempre assim, eu abro a janela e fico olhando a chuva cair, faço isso desde que consigo me lembrar. Lembro de quando era pequena e não alcançava a janela, eu pegava uma cadeira, subia e abria só um pouco a janela, o suficiente pra eu ver a chuva caindo, os carros passando pelas poças, depois colocava meus braços pra fora e ficava vendo eles sendo molhados aos poucos, e eu achava tudo isso a coisa mais legal do mundo
Eu sempre fui fascinada pela chuva, mas hoje, olhando pela janela, pra a minha rua eu lembro do colégio, inicialmente ensino fundamental, especificamente no oitavo ano, lembro de eu e minhas  três melhores amigas passando aqui na rua, debaixo de chuva dando risada, pulando nas poças, brincando, chupando picolé (sim, só tomávamos picolé quando chovia), uma reclamando o caminho por causa da prancha do cabelo que foi embora, e outra se divertido. As briguinhas por besteiras, e os sorrisos sem motivo. As piadas sem graça que todo mundo ria.
Lembro delas e de tudo o que vivemos, das resenhas, e como a gente reclamava de tudo, e achava tudo ruim, e que o colégio era tão chato, das encrencas que nos metíamos, das confusões que arranjávamos que não eram poucas, e acima de tudo, do quanto éramos inseparáveis, nunca vou me esquecer de nada do que vivemos.
Ah, e deixe te contar um segredo: eu estava sempre com o guarda chuva na mochila, mas não dizia a ninguém, pois eu não trocaria esses momentos preciosos na chuva por nada. Depois disso lembro do meu ensino médio, e das minhas outras três amigas inseparáveis, que não eram as mesmas de antes, porém continuavam sendo amiga de duas das antigas, mas a vida é meio assim né?!
Algumas pessoas vão, outras ficam, mas enfim... Lembro do meu ensino médio e das confusões, e das resenhas, incrível que é sempre um quarteto. Lembro de tudo, mas pelo menos dessa vez não tinha essa de "eu era feliz e não sabia" não, por que  eu era feliz e sabia perfeitamente disso e aproveitei cada momento, todas as festas, as danças, as gincanas, os passeios, as brigas, os garotos, mas uma coisa que não mudou foi que continuávamos achando o colégio chato, e tomando banho de chuva kkkkk...
E agora que tudo isso acabou, percebo o quanto deveria ter dado mais valor, no momento a única coisa que continua igual é a chuva. Ela continua a cair igual a todas as vezes, e eu continuo deixando o guarda-chuva bem escondido na bolsa e tomando chuva, mesmo que sozinha, pensando nas minhas amigas, que continuam minhas amigas até hoje, apesar de não nos vermos todos os dias como antes, pensando em como será daqui pra frente. E se surgir outras três melhores amigas na faculdade? E o que o destino fará com as minhas amigas mais antigas? Pode ser que só duas continuem sendo amigas como aconteceu no fundamental, ou não, eu não sei dizer. Eu as amo sabe?!
Porém hoje, aqui e agora, cheguei a conclusão que não importa o que aconteça, mesmo que daqui a 30 anos eu não faça ideia do que cada uma delas estarão fazendo da vida.
A chuva vai continuar a cair, e  todas as vezes sei que ficarei na janela vendo os carros passarem pelas poças, e um filme vai se passar pela minha cabeça, e pensarei em cada uma delas, que vão sempre fazer parte da minha história.
Foram pessoas que marcaram de uma maneira tão intensa, e nessas ocasiões chamarei meu(s) filho(s) para sentarem ao meu lado e, contar minhas aventuras do colegial com as melhores amigas que alguém poderia ter, e para sempre, a chuva vai continuar a cair. 

segunda-feira, 2 de maio de 2016

As terminações são diferentes

Mariana Félix

Porque será que existe a frase "Se arrependimento matasse, eu estaria morta(o)"?
Eu posso tentar responder à você, cara leitora.
Quantas vezes será que você deixou de apertar o botão "enviar", pra uma determinada pessoa por orgulho, ou por medo de acabar sendo ignorada?
Quantas vezes você se calou, quando sua mente estava gritando, pedindo pra que você falasse o que estava sentindo, mas não falou por medo de machucar alguém, com aquelas palavras que seriam sinceras da sua parte?
Quantas vezes você passou por uma pessoa que você queria muito conversar e conhecer, e deixou pra fazer isso tarde demais?
Quantas vezes a frase "eu te amo" dançou dentro da sua boca, querendo sair, e encontrar a reciprocidade da mesma, mas você acabou por não dizer nada?
E a partir daí vem a consciência pesada, vem o arrependimento, a raiva por adiar algo que você poderia ter feito, que você poderia ter dito, e que poderia ter mudado por completo a sua vida.
Poderia ter comprado aquele livro que chamou a sua atenção, mas acabou deixando pra lá pra não gastar dinheiro.
Poderia ter beijado aquela pessoa que fazia seu corpo inteiro estremecer, mas ficou com receio dela não querer o mesmo.
Poderia ter gritado no meio rua, pra expor sua ira num determinado momento, mas não o fez porque pensou "O que as pessoas vão acharr de mim?".
Poderia ter dançado na chuva, mas acabou não fazendo isso por medo de ficar doente.
Poderia ter dado uma crise de choro por besteira, mas você mesma se reprimiu, achando que isso seria besteira, e guardou aquela dor pra si mesma.
Poderia ter tomado aquele sorvete que tanto queria enquanto estava resfriada, mas não tomou por medo de piorar.
Poderia ter amado mais, dito mais vezes o que sentia.
Poderia não ter trocado o "Eu amo você" por um simples "Oi".
E por aí vai.
Sabe o que acontece? Você nunca vai poder conjugar o verbo no pretérito perfeito, porque todos eles estão no condicional, o qual está ligado à palavra "se".
Você podeRIA ter feito, faz não fEZ.
A diferença está nas terminações.
O arrependimento surge daí. Pensou em fazer, mas acabou não fazendo. E sabe qual a causa maior disso tudo? O MEDO.
As vezes ele lhe da o equilíbrio, mas, as vezes, ele lhe tira.